A pergunta acima foi o tema desta segunda-feira do programa “Dialogueâ€, do canal estatal CCTV, e vem se repetindo no paÃs desde que o vÃdeo do cantor sul-coreano PSY tomou o mundo de assalto. Por que a China, com uma população 27 vezes maior, nunca foi capaz de produzir algo semelhante?
O debate revela uma das maiores frustrações da recente ascensão chinesa no cenário mundial _ela não veio acompanhada de um aumento do seu “Soft Powerâ€. Isso apesar de várias iniciativas milionárias: em dez anos, por exemplo, a China abriu 400 unidades do Instituto Confúcio pelo mundo afora, inclusive no Brasil, para o ensino da lÃngua e divulgação cultural. O próprio canal da CCTV em inglês é outro exemplo do esforço enorme, sem muito resultado.
Não é por acaso, portanto, que o Gangnam Style tenha sido discutido durante meia hora em um programa que geralmente aborda temas bem mais sérios de polÃtica externa.
Um dos participantes, o professor Fu Jun, da Escola de Governo Universidade de Pequim, tocou na ferida quando foi questionado sobre a falta de um “PSY chinêsâ€:
“A cultura chinesa tende a ser conformista, em vez de romper com o establishment. E, para ser criativo, a chave é romper com o establishment. Ou usar a palavra ‘liberdade’. Livre do establishment ou das convenções sociais, de forma a ter algo novo. Isso é muito importante. Não é que ninguém na China pensa dessa forma, (…) mas a natureza particular da educação chinesa é mais treinamento. E eu faço uma distinção entre educação e treinamento.â€
Só faltou Fu Jun mencionar Ai Weiwei, o irreverente artista chinês mais conhecido do mundo, que passou quase três meses na cadeia no ano passado e praticamente vive numa prisão domiciliar justamente por “romper com o establishmentâ€.
Ai Weiwei, aliás, é o autor de uma paródia engraçadÃssima de PSY, em que ele faz a tal dança com algemas nas mãos. O vÃdeo, claro, está proibido na China.
Outro vÃdeo, bem menos divertido, foi patrocinado pelo Centro de Pesquisa do Panda, uma entidade estatal, que contratou a multinacional Ogilvy para superproduzir a paródia. Comparar as duas iniciativas é uma ótima ilustração do argumento de Fu Jun.
Ainda vai demorar muito pra China exercer seu “Soft Powerâ€. Além de todas as dificuldades internas para os artistas, as tentativas estatais terão pouco alcance enquanto o regime continuar produzindo Ãcones da repressão como Dalai Lama, Liu Xiaobo, Ai Weiwei ou, mais recentemente, o advogado cego Chen Guangcheng.
Enquanto o regime autoritário não se abrir, não haverá um PSY chinês. Mesmo um Michel Teló fica difÃcil.
Fonte: Folha de S. Paulo
Por Douglas Pazelli – Diretamente da China
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