Pelo menos uma vez por semana desde sua posse, a presidente Dilma Rousseff recebe assessores para tentar lidar com um problema aparentemente intratável: a China.
Poucos meses atrás, Brasil e China pareciam fadados a formar uma das alianças definidoras deste início de século – duas economias emergentes com rápido crescimento, posicionando-se lado a lado em questões globais como negociações comerciais, e buscando sempre novas oportunidades de negócios conjuntos.
Mas não é assim que tem funcionado.
A reunião semanal comandada por Dilma é apenas um sinal de como ela está colocando o Brasil em uma posição de maior confronto frente a Pequim, na tentativa de resolver uma relação que ela considera cada vez mais desequilibrada e divergente.
Oficialmente, o tema dessas reuniões é a busca por uma maior “competitividade” do Brasil no comécio global, mas elas inevitavelmente se transformam em debates estratégicos sobre como conter a enxurrada de importações de produtos chineses, que quintuplicaram desde 2005, com resultados desastrosos para a indútria brasileira.
“É basicamente uma reunião sobre a China”, disse um funcionário de alto escalão que costuma participar delas. “As relações entre os dois países não são hostis, mas vamos tomar medidas para nos proteger… e promover uma relação mais igualitária.”
Em curto prazo, segundo fontes de alto escalão do governo, isso significa mais tarifas dirigidas para produtos industrializados procedentes da China, uma fiscalização mais rígida nas alfândegas, e também mais processos antidumping.
Também é possível que sejam adotadas novas regras para mineradoras estrangeiras, dizem as autoridades, refletindo os temores de que a China desejaria consolidar seu controle sobre as riquezas minerais brasileiras, sem oferecer em contrapartida acesso suficiente ao seu próprio mercado.
Rompendo com a posição de seu antecessor Luiz Início Lula da Silva, Dilma deve aderir ao coro global pela valorização do iuan quando visitar o país asiático em abril. Ela também deve pleitear maior acesso ao mercado chinês para empresas como a Embraer, segundo autoridades.
Embora Brasil e China devam preservar relações amistosas e continuar ampliando o comércio bilateral, a guinada no governo Dilma pode afetar diversos aspectos, como o vínculo com os EUA e o futuro das chamadas relações “sul-sul”, entre países emergentes.
“É surpreendente que a relação esteja mudando tão rapidamente”, disse Maurício Cárdenas, diretor do programa latino-americano da entidade Brookings Institution, de Washington.
“O Brasil está claramente buscando grandes mudanças… Isso pode ter consequências para toda a América Latina, já que muitos outros países, experimentando os mesmos problemas (com a China), seguem o exemplo do Brasil”, afirmou.
SUPERÁVIT RELATIVIZADO
Redefinir a relação com a China é algo mais fácil na retórica do que na prática. Assim como os EUA sofreram para se equilibrar entre a pressão por um iuan mais valorizado e o desejo de importar produtos baratos e receber financiamento da China, o Brasil também precisa rever o emaranhado de dependência que se criou rapidamente na última década.
O comércio bilateral disparou de pouco mais de 2 bilhões de dólares em 2000 para 56,2 bilhões de dólares em 2010. A China superou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil, e no ano passado foi também a principal origem individual de investimentos estrangeiros diretos, com cerca de 17 bilhões de dólares.
O robusto crescimento comercial ajudou a economia brasileira a alcançar no ano passado o seu crescimento mais expressivo em duas décadas. E significa também que eventuais esforços do governo Dilma para aprovar medidas protecionistas podem ser infrutíferas, segundo Qiu Xiaoqi, embaixador da China em Brasília.
“O comércio entre China e Brasil cresceu tão rapidamente por causa de uma necessidade recíproca. Quando essa necessidade existe, ninguém pode entrar no caminho”, disse Qiu à Reuters, numa rara entrevista.
Qiu, que se orgulha do seu conhecimento sobre a cultura brasileira e insistiu em conceder a entrevista em português, atribuiu as queixas contra a China a “uma minoria” dentro do governo Dilma. Ele também citou o fato de que o Brasil teve um grande superávit comercial com a China no ano passado – cerca de 5 bilhões de dólares.
Mas um exame mais atento revela que o Brasil teria déficit se não fosse por um extraordinário aumento no preço do minério de ferro, que responde por 40 por cento das exportações do país para a China.
No geral, as exportações do Brasil para a China em termos de peso – o que elimina distorções causadas pelo aumento nos preços das commodities – caíram 3 por cento em 2010, enquanto as importações de produtos chineses cresceram 89 por cento.
Fonte: GLOBO.Com
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