O reconhecimento facial é a mais nova inovação tecnológica da China. Locais como aeroportos e hotéis já estão utilizando a nova ferramenta que pode verificar a identidade das pessoas por meio da análise de seus rostos.
A polícia e o Estado estão otimistas quanto aos benefícios que essa nova tecnologia pode trazer para a segurança de seus cidadãos, no entanto, há diversos questionamentos sobre o uso da tecnologia pelo governo chinês. Saiba mais a seguir!
O sistema de reconhecimento facial chinês
O projeto se chama “Xue Liang” – “Olhos Afiados” em português -, e seu maior objetivo, segundo seus idealizadores, é conectar as câmeras de segurança de lugares públicos, como shoppings e terminais de ônibus, às câmeras de segurança de prédios privados (residenciais e comerciais), fundindo, então, todos estes dados em uma única plataforma nacional de segurança. Segundo as empresas desenvolvedoras da tecnologia, o intuito do reconhecimento facial é a proteção dos cidadãos chineses.
O sistema irá combinar reconhecimento facial e inteligência artificial, tudo para analisar e compreender os dados obtidos em vídeo e assim poder rastrear suspeitos, identificar comportamentos suspeitos e até prever crimes. O sistema também será utilizado para coordenar as operações dos serviços de emergência, como a polícia e os bombeiros, e monitorar os 1,4 bilhão de habitantes da China.
Todas as informações recolhidas pelo programa de reconhecimento facial serão inseridas em um banco de dados que contém informações sobre cada cidadão, incluindo fichas criminais e médicas, e estes serão vinculados aos rostos e documentos de cada pessoa no país.
Rastreamento e Segurança
O maior objetivo do programa é rastrear os passos de cada pessoa que tenha residência na China, cada lugar que a pessoa passar, cada pessoa que ela se relacionar, e até mesmo dar uma nota de “crédito social” pela confiabilidade que a pessoa passa para seu governo e para as pessoas de seu convívio.
Alguns cidadãos chineses estão ansiosos pela chegada da tecnologia no mercado, as administrações de condomínios principalmente, que veem a ferramenta como uma oportunidade de reconhecimento de elementos externos ao condomínio e analisar suas entradas e saídas, verificar quem passa a noite no condomínio, entre outras coisas que ajudem a identificar suspeitos para os crimes cometidos dentro do espaço residencial.
Para que o programa dê certo, o governo chinês trabalha em cooperação com o setor de tecnologia do país. O objetivo dele, segundo os executivos do setor, é iluminar todos os pontos obscuros da China e eliminar a escuridão em que o crime prospera.
A população também terá acesso ao projeto Xue Liang, que vem com o objetivo de mobilizar comitês de bairros e moradores em geral, que, se visualizarem em seus celulares ou televisores alguma atividade anormal, podem reportar diretamente para a polícia.
Até 2020, o governo chinês quer que a rede de vigilância por meio de vídeo se torne “onipresente, plenamente integrada, colocá-la em funcionamento permanente e exercer pleno controle sobre ela”, tudo isso com a combinação de recursos sofisticados de análise de vídeo e imagem.
Em Chongqing e Pequim, três startups de reconhecimento fácil demonstraram em telões os vídeos capturados por câmeras de vigilância e as faces da multidão sendo comparadas a banco de dados de pessoas procuradas pela polícia.
As câmeras das ruas classificam as pessoas por gênero, roupas e até comprimento do cabelo, e o software permite que as pessoas sejam rastreadas de uma câmera a outra com base em seus traços faciais.
O programa já está sendo testado em diversos lugares, como aeroportos, que estão empregando o reconhecimento fácil nas suas verificações de segurança, assim como os hotéis, que estão fazendo a mesma coisa no check-in dos hóspedes.
Precisão
A China afirma que o sistema trabalhado no programa é extremamente preciso e eles têm a possibilidade de recorrer a um grande conjunto de fotos e registros governamentais, os quais podem melhorar seus algoritmos. O país possui o maior banco de dados do mundo e há menos restrições para que as informações sobre os cidadãos sejam exploradas.
Essa tecnologia será um instrumento para forças policiais no futuro; a Huawei, empresa de telecomunicações e tecnologia chinesa, diz que sua tecnologia Safe Cities já está ajudando o Quênia a reduzir sua incidência criminal.
Estados Unidos
A China não está sozinha no experimento de novas tecnologias de reconhecimento facial. O Sistema de Identificação de Próxima Geração do Serviço Federal de Investigações (FBI) possui um reconhecimento fácil que compara imagens de cenas de crime a um banco nacional de fotos de criminosos.
Contudo, é a ambição chinesa que diferencia os dois países. As agências policiais ocidentais utilizam esses sistemas prioritariamente para identificar suspeitos de crimes, e não para monitorar a população em geral.
O programa chegou para ficar, e promete ser a ferramenta de controle mais poderosa.
Por Nathália Gasparini, diretamente de Jundiaí, SP, Brasil
Fontes: Folha de São Paulo
Gostou desse artigo? Então confira mais conteúdos e acompanhe as novidades em nossas redes sociais:
Facebook | Canal do Youtube | LinkedIn | Instagram | Twitter | Google +