O Aima Hospital Maternidade da cidade de Jinan, na província chinesa de Shandong, começou a oferecer a futuros pais a chance de experimentar as dores do parto, depois que várias mulheres grávidas se queixaram da falta de compreensão e solidariedade de seus parceiros durante a gravidez. Com o grande número de reclamações das futuras mães em relação à falta de empatia de seus companheiros, o hospital decidiu dar uma pequena amostra das dores sentidas durante o trabalho de parto, ao invés de explicar o quão difícil e dolorosa é a experiência.

As simulações, chamadas de “Agradeça às mães: Campo de experiência das dores do parto”, foram inicialmente disponibilizadas aos casais, ou seja, aos futuros mães e pais da maternidade. No entanto, as simulações ficaram tão populares entre os demais cidadãos da cidade que a administração do hospital abriu, então, a experiência para qualquer um que queira experimentar as dores do parto.
As sessões são realizadas gratuitamente pelo hospital duas vezes por semana e cerca de cem homens já tinham se inscrito na simulação desde que a oportunidade começou a ser oferecida; entre eles, muitos futuros pais, mas também alguns curiosos e voluntários dispostos a passar pela “tortura”.
A simulação das dores do parto
Para simular as dores do parto, alguns adesivos ligados a dispositivos elétricos são colados na região do abdômen. Através deles, choques elétricos, que induzem à dor, são emitidos. A simulação dura apenas cinco minutos, tempo suficiente para que a enfermeira aumente gradualmente a intensidade das dores em uma escala que varia de um a dez.

Segundo a enfermeira Lou Dezhu, a máquina, usada nessa experiência, utiliza correntes elétricas que estimulam a pele, simulando as dores do parto sem quaisquer efeitos secundários, riscos ou perigos aos voluntários.
No entanto, é preciso deixar claro que a simulação não é capaz de proporcionar com precisão as dores do parto. Segundo a enfermeira, as dores e os desconfortos sentidos pelos homens que se voluntariaram para a experiência são mínimos, quando comparados com as dores do parto real sentidas por todas as mulheres – não só na questão da intensidade, como também do tempo que são expostas a essas sensações.

Mesmo assim, de acordo com relatos obtidos dos homens que puderam participar da experiência, o hospital acredita que as simulações têm a capacidade de mostrar um pouco da realidade das mulheres em trabalho de parto, e, assim, despertar neles mais empatia, amor e carinho com suas esposas grávidas.
Para a maternidade, e, principalmente, para as mulheres e mães chinesas, a questão da empatia e participação dos homens na gravidez e no trabalho de parto é o mais importante. Na China, não é comum que os homens entrem na sala de parto quando suas mulheres dão à luz a seus filhos. Alguns hospitais públicos ainda não permitem que eles testemunhem o trabalho de parto de suas parceiras, mesmo que eles queiram; diferentemente do que ocorre nas maternidades ocidentais.
Os relatos
Alguns dos voluntários relataram as sensações e dores que sentiram durante a experiência, embora outros tenham desistido depois de alguns minutos por não aguentarem as dores do parto simuladas pelo aparelho. Song Siling, que está tentando ter um filho com a namorada, fechou os olhos e fez caretas enquanto a agulha do monitor dos eletrodos saltava.

“Parecia que meu coração e meus pulmões estavam sendo arrancados”, disse Siling que aguentou até o nível sete antes de gesticular freneticamente para que a enfermeira desligasse o aparelho. Depois de passar por “dores indescritivelmente fortes”, Song Siling acredita que dar à luz não é mesmo nada fácil.
Essa é, exatamente, a reação esperada pela maternidade e pelas futuras mães que levam seus companheiros para realizar as simulações. “Antes, se eles não tivessem passado por essa experiência dolorosa, eles, provavelmente, acreditariam que dar à luz a uma criança é uma situação fácil, natural e indolor, não é mesmo?”, disse a futura mãe Liu Yun.

Outro voluntário, Wu Jianlong, cuja esposa está grávida de três meses, disse que a experiência vivida no Aima Hospital Maternidade mudou radicalmente sua visão da gravidez e das dores do parto. Ao aguentar até o nível dez da experiência, Jianlong gritou de dor e cerrou os punhos até ceder e pedir à enfermeira que parasse. Segundo ele mesmo, “Como todas as mulheres têm filhos e normalmente isto leva bastante tempo, eu pensava que era algo natural, algo normal, que elas conseguem aguentar. Mas, desde que experimentei esta atividade, percebi que não é assim tão fácil para uma mulher dar à luz. É muito doloroso, como algo saindo do seu estômago, realmente doloroso”.
E você, teria coragem? O que acha da experiência?
Por Ana Yamashita, diretamente de Americana, SP, Brasil
Fontes: The Huffington Post; Reuters; The Irish Times; The Independent; The Nanfang; BBC; Marie Claire
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